Cuando me siento triste vuelvo a mi pueblo para duelo de lo que no fue, y cuando cerca ya estoy de llegar no recuerdo lo que iva a olvidar. Cuanto misterio tiene este encuentro que es capaz de borrar tanto mal, y hubo un dolor que no se si dolió no recuerdo nada más. Pueblo mio, ¿qué tienen tus estrellas? miro al cielo y cada vez mas bellas cada deseo que pido esta en ti en tus calles yo quiero vivir
"El país tiene una deuda histórica con Patricio Manns, una persona tan reconocida por todos, con una capacidad extraordinaria para interpretar la realidad y que versa en su música un contenido profundo..." -Patricio Sanhueza, Rector de la Universidad de Playa Ancha
“Sería el reconocimiento a un trabajo consciente, comprometido, de avanzada. Y que nuestra universidad sea la que contextualice este trabajo, es fundamental, en el entendido que manifiesta abiertamente su interés por reconocer los valores públicos presentes en la obra de autores insignes para nuestro país y el continente latinoamericano, como es el caso de Manns...” -Boris González, Jefe de la Dirección General de Vinculación con el Medio de la Universidad de Playa Ancha
Patricio Manns es un destacado artista chileno que cuenta con una cincuentenaria trayectoria internacional, destacándose como un sobresaliente cantautor y escritor que cuenta con el afecto de varias generaciones de chilenos e, igualmente, de una nutrida admiración de audiencias a nivel internacional.
En el ámbito musical, es ampliamente reconocido como uno de los más notables creadores de la Nueva Canción Chilena y músico de la resistencia internacional en dictaduras latinoamericanas. Es por esto que la Sociedad Chilena del Derecho de Autor (SCD) lo distinguió como “Figura Fundamental de la Música Chilena” (2006), mismo año donde el Consejo Chileno de la Música le otorga la “Medalla de la Música”. La canción "Arriba en la Cordillera" de Patricio Manns es una de las que fueron seleccionadas por distintas instituciones de Chile -mediante votación popular-, como una de "las mejores canciones del siglo XX". Este hecho fue ratificado diez años después en el 40º Festival de Olmué del año 2009, en el que esta canción ganó el galardón de la mejor canción chilena de todos los tiempos, año también en el que también recibe el "Premio de la Música Presidente de la República de Chile", instancia en la que la actual mandataria del país afirmó que “Patricio Manns es, sin duda, uno de nuestros más grandes creadores". Un año después, recibe el Premio Altazor por su disco "La tierra entera", considerado "el mejor álbum de música popular" grabado en aquel año (2010).
En ámbito literario, su obra es ampliamente conocida en Europa, Estados Unidos y Argentina, siendo vetada académicamente en Chile desde 1973 a la fecha. Se ha desarrollado en el ámbito de la poesía, el ensayo, la novela y el teatro, recibiendo el Premio Alerce de la SECH (1967), el Premio Municipal de Literatura (1973 entregado en 1998), la Beca Guggenheim de Literatura (1988). Su novela "El Corazón a Contraluz" fue seleccionada como una de las tres mejores novelas francesas o extranjeras publicadas en ese año en Francia (Prix Rhône Alpes, 1996). Además, también ha recibido el Premio del Consejo del Libro y la Lectura (2001) por sus cuentos reunidos en "La Tumba del zambullidor", así como el Premio Municipal de Literatura de Valparaíso (2005) “por el conjunto de su obra literaria”.
Esta postulación posibilita enmendar el desconocimiento, la injusticia valorativa hacia un autor que a pesar de la censura ha recogido el reconocimiento de los pueblos, porque para Manns no es imposible aunar lo sencillo, lo poético de sus canciones con la densidad estructural, la sabiduría histórica, la riqueza simbólica y la palabra persuasiva con que entrega sus propuestas de futuro.
Gana Chile con este magnífico narrador poeta. Gana Chile con este gran músico de la memoria histórica latinoamericana. Gana Chile con esta voz apasionada que multiplica estrategias musicales y narrativas para alcanzar una paz próspera de respeto a lo humano, lo cultural y lo natural. Gana nuestro continente, con alguien que rehúye litigios procurando los encuentros. Gana el mundo al encontrarse en una sola voz chilena todas las voces, siendo uno de esos artistas que no han cedido a la desesperanza... y que viven alimentando el tránsito y los sueños de nuestros pueblos.
São
raras as cantoras, cuja voz é capaz de encantar-nos em
três idiomas simultaneamente. A joia rara chama-se Ute Lemper.
Em
seu mais recente trabalho, Ute
Lemper Forever. The love poems of Pablo Neruda, a
alemã residente em Nova York trafega do francês com sotaque nativo,
pelo inglês, que é obrigada a falar em família, ao espanhol.
Espanhol cantado de ouvido, escreve-me, porque falá-lo
espontaneamente não tem coragem ainda.
Começamos
a escrever-nos após a apresentação de seu novo repertório
nerudiano na Sala São Paulo, em outubro último, com fundos
destinados à pesquisa de combate ao câncer, de onde decolou para
uma apresentação especial na 41ª edição do Festival
Internacional Cervantino,
no México, e de lá para Nova York, onde reside há quase vinte
anos.
Naquelas
semanas, na pátria de Pablo Neruda eram lembrados os 40 anos do
golpe militar, que matou Salvador Allende, torturou e assassinou
milhares de democratas chilenos, e que vitimou o próprio Prêmio
Nobel de 1971, autor dos elégicos “Versos del Capitán” e de
“Residencias en la Tierra”, que Lemper explorou para seu novo
repertório, deles selecionando doze poemas para o CD divulgado mundo
afora com um trailer, guiado pela própria cantora e compositora.
Lembrei-me
do domingo ensolarado de abril, em Isla Negra, quando os ossos do
poeta eram sacudidos pela terceira vez desde sua morte, em 23 de
setembro de 1973. Depois de sepultados no Cemitério Geral de
Santiago, lá transladados de uma sepultura emprestada para outra,
própria, e de lá para Isla Negra, na década de 1990, em abril de
2013 foram novamente exumados por determinação judicial, para
submeter a exame forense suas mais recônditas fibras e tecituras, em
busca de alguma pista que ateste sua morte por interferência de
terceiros, leia-se: um assassinato.
Por
isso, disparei a queima-roupa: - E o Chile, Ute, não vai se
apresentar aqui?
Juntei
algumas fotos minhas, da praia acidentada por rochas negras, nos
fundos da casa de Neruda, enviei-as para Ute e provoquei-a com a
sugestão de ali montar um palco a céu aberto e interpretar os
poemas do Prêmio Nobel, homenageando seu mar e proporcionando-lhe a
paz merecida. Porque antes de escrever Os Versos do Capitão, em 1939
Neruda adquirira do capitão espanhol aposentado, Dom Eladio Sobrino,
a velha casa da então Playa de las Gaviotas. Nas redondezas coletara
proas, escombros de cascos, mastros, escotilhas e toda sorte de
animais marinhos, até dar à nova casa aspecto de barco e rebatizar
a enseada de “Isla Negra”, da qual seria o “capitão”. Com
privilegiada “gávea”, seu escritório, poderia então deitar seu
olhar sobre o vasto Pacífico, pois como observou Francisco Rivas,
escritor chileno, “para Neruda, o mar é aquilo, onde tudo nasce e
tudo se dissolve”.
Ute
Lemper recebeu com entusiasmo a proposta de um ciclo de shows no país
onde já se apresentou, mas do qual apenas se aproximou
emocionalmente com a obra de Neruda.
Recusei,
lisonjeado, o convite para atuar como seu “delegado” de
pré-produção para suas apresentações no Chile, porque não tenho
traquejo de “agente”, não conheço as manhas do “mercado” e,
sobretudo, não sou titular de portifolio pecuniário para negociar
com teatros e intermediários que se pautam unicamente no vil metal,
por isso sugerindo à cantora um papel com menos exposição, “atando
cabos soltos” nos bastidores.
Em
tempo: “te manterei informado sobre o que penso fazer”,
escreve-me pouco antes do Natal, em 2014 está mesmo decidida a
apresentar-se na patría de Neruda, que era cidadão do mundo.
Trinta
anos de carreira
Ute
Gertrud Lemper foi criada em uma família de classe média na
histórica cidade de Münster, cuja tradução é “mosteiro”. O
nome rebatizou uma fundação da Antiguidade, usurpada a ferro, fogo
e torrentes de sangue aos valentes Saxões, que desde o Mar do Norte
colonizavam o delta do Reno, no séc. VIII massacrados por Carlos
Magno, o brutal cristianizador germânico, fundador do Sacro Império
Romano de Nação Alemã.
Criança
ainda, Lemper aprende piano e balé, frequentando o Instituto de
Dança Clássica na vizinha Colônia, de onde se transferiu para o
seleto Seminário Max Reinhardt de formação de atores, em Viena.
Na
década de 1980, ela fixa residência em Berlim, onde se dedica ao
estudo do gênero cabaré.
Em
1972, Bob Fosse levara às telas o já clássico “Cabaret”, com
Lisa Minelli interpretando Sally Bowles em um palco decadente de
Berlim, no início dos anos 1930. Em 1986, com adaptação para os
palcos europeus do mesmo enredo da Broadway, Lemper, 23 anos apenas,
revive Sally Bowles em uma turnê retumbante Alemanha afora. Nos anos
1990, ela volta à cena com “In search of cabaret” montado no Theater des Westens, em Berlim, que homenageia duas
vertentes do gênero e suas grandes divas, Marlene Dietrich e Edith
Piaf.
Com
este resgate, o grande mérito intelectual de Ute Lemper foi escrever
a memória do mais importante gênero musical alemão do preríodo
pré-nazista.
A
época coincide com a presença na cidade intra-muros do comediante
off
norte-americano, de origem judaica, David Tabatsky, que formava
atores para espetáculos de variedades e se apresentava em endereços
como o “Scheinbar” (Bar aparente) e o “Bar jeder Vernunft”
(trocadilho para Bar sem Juízo), os musts
no
cenário fringe. Conseguiu divertir suas platéias com uma trilogia
hilariante: The
Man with Three Balls
(O
homem com três testículos),
How I Survived My Jewish Mother (Como
sobrevivi Minha Mãe Judia) e
Help! I Married a German (Socorro,
casei com uma alemã!).
A
alemã do título era Ute Lemper.
Nem
tudo foi brilho na Cidade Luz
Em
1994, Lemper mudou-se a Paris, onde nasce seu segundo filho. Enquanto
Tabatsky tentava sobreviver com suas comédias off,
ela
aferrava-se às pegadas do chanson,
que
marcaria sua obra com
duas referências indeléveis: Edith Piaf e Jacques Brel. É
em Paris que ela estreia no cinema, com uma ponta em
“Prêt-à-porter”
(1994) de Robert Altman, no qual desfila ao natural, grávida e nua
em pêlo.
Contudo,
da Cidade-Luz não guarda boas recordações apenas: aos 23 anos de
idade, sentia-se
ao mesmo tempo deslumbrada e despreparada. A truculência, a
veemência com que era explorada por agentes, manchetes de jornais e
pela TV a assustou. Impossível ter dito tudo aquilo que era
publicado a seu respeito. Confiar
não podia em quase ninguém, seu melhor amigo – infelizmente, diz
ela - era também seu agente e ainda por cima seu amante; tipo
desprezível, que somente a explorara. Por
outro lado, a
França desejava que ela encarnasse a “nova Fräulein da Alemanha”,
uma alusão à imorredoura fama de Marlene Dietrich.
Em
1997, por um breve período a família mudou-se para a Londres e de
lá para Nova York, onde Lemper finalmente alcança sua consagração
como bailarina nos musicais Cats,
Peter Pan e The Blue Angel, em
Chicago, e ainda em Cabaret
e
Starlight
Express.
Solteira
por alguns anos, após separar-se de Tabatsky, no início do novo
milênio casou-se com o baterista Todd Turkischer, com quem aos 48
anos de idade topou ter um quarto filho.
Volta
e meia retornando ao seu país de origem e apresentações na Europa,
Lemper é protagonista de extensa cinematografia, que vai de seriados
na TV Alemã (A
herança dos Guldenburgs, Três contra Três,
ee.oo.), a primeiros papéis em produções como
Moscou Parade,
Coupable
d'innocence, Combat des fauves,
Appetite
e A
River Made to Drown In.
Ute
Lemper é detentora do Prêmio Moliére (Cabaret), já foi nominada
para o Prêmio Laurence Olivier e em 1999 foi agraciada com o Theatre
World Award por sua estreia nos palcos americanos. É ainda autora da
autobiografia inédita no Brasil, Ute
Lemper. Unzensiert
[Ute Lemper sem Censura, Ed. Henschel, Berlim 1995) e protagonista do
documentário There
is no Paradise (2002),
de Christoph
Rüter.
Neruda,
poeta do amor
Em
The
love poems of Pablo Neruda, Lemper
repete um recorte de obra já realizado no resgate do gênero cabaré,
optando
pelo romantismo que precedera as evocações ideológicas mais e mais
presentes na obra do poeta, anterior à década de 1940, selecionando
onze poemas dos ciclos Os
Versos do Capitão e
Residência
na Terra.
Em
seu prefácio ao CD, o jornalista Adam Feinstein, que assina seu
Twitter como “especialista em autismo e Pablo Neruda”, justifica
a escolha, afirmando que “amantes em todo o mundo continuam
cortejando um ao outro com versos de Vinte Poemas de Amor e Uma
Canção Desesperada”, e que “a poesia amorosa de Neruda, seu
humanismo e, sobretudo, sua contagiante paixão pela vida continuam
tão relevantes e vitais como o foram desde sempre”.
Neruda
foi isso: o bardo incitador da libertação do jugo capitalista, e o
poeta do intimismo amoroso. Em sua obra, cada um escolhe o que sua
alma pede. A luta contra a opressão e o amor são pulsões perenes
da alma humana, já Lemper escolheu seu lado mais doce, nem por isso
menos áspero: o amor. E explica por que, no vídeoclip de divulgação
do CD (vide vídeo).
Os
“Versos do Capitão” - breve crônica de uma traição
Desfrutar
The
love poems of Pablo Neruda não
é para qualquer ouvido: é uma obra para audição paciente e
perspicaz, escolada pelo bom gosto. O desafio é colocado logo por La
Noche en la Isla,
primeiro título do CD, interpretado em francês e com arranjos de
tango.
Não
será exagero afirmar que, desde que se apresentou em Buenos Aires
pela primeira vez, em 2000, Ute Lemper sofre obsessivo fascínio pelo
tango, e muito particularmente pela dolor,
essa
angústia cadenciada que habita as composições de Astor Piazzola.
Com Neruda, Lemper faz sua segunda aproximação às vibrações da
alma latino-americana.
A
noite na ilha
é na verdade um dos reptos mais espetaculares na vida e obra do
poeta. e merece breve intermezzo.
A
ilha é uma alusão a Capri, onde Neruda e uma amante secreta se
esconderam em 1952 da então esposa e patrocinadora do poeta, a
artista plástica argentina, Delia del Carriel.
O
poeta e Delia encerravam um nervoso ciclo de exílio, iniciado em
1948, depois que o então senador pelo Partido Comunista, Pablo
Neruda, foi perseguido pelo governo de Gabriel
González Videla, no Chile, escapando para a Argentina com identidade
falsa, em lombo de cavalo. Alcançando o México - no qual dez anos
antes se desempenhara como cônsul chileno, e de onde ajudara a fugir
em sentido oposto o pintor estalinista David Siqueiros, líder do
primeiro atentado contra Leon Trotzky – Neruda adoecera de uma
flebite e quis a “coincidência” que uma amiga de encontros
furtivos em Santiago, naquele momento cantora em botecos da Cidade do
México, chamada Matilde Urrutia, o atendera como enfermeira – tudo
sob o ingênuo olhar de Delia del Carriel, vinte anos mais velha que
o marido.
Ali,
Neruda inaugura o primeiro de seus contumazes triângulos amorosos,
pois parte à Europa em companhia de Delia, mas seguido de perto por
Matilde: o casal hospedado em um hotel, Matilde em outro, a poucas
quadras do seu; o casal viajando de trem, Matilde embarcada no mesmo
comboio, poucos vagões atrás. Até que o poeta convence sua mulher
para retornar sozinha ao Chile.
Ato
contínuo, em companhia de Matilde inicia um périplo político pela
Europa, que os conduzirá à RDA e à União Soviética, onde,
envergonhado por assumir seu concubinato, o chileno apresenta Matilde
como amante do poeta cubano Nicolás Guillén.
Segundo
Hernán Loyola, biógrafo de Neruda, foi tal a preocupação em
blindar a traição de Delia del Carril por Neruda, que entraram em
cena agentes da Stasi, o tristemente famoso serviço secreto da
antiga RDA.
Neruda,
que jurava com a mão direita sobre o Manifesto Comunista, era também
um bon
vivant que
cultivava amizades burguesas e barrocas. Uma delas o unia ao
arquiteto, engenheiro naval e paisagista italiano Erwin Cerio, editor
da revista Tra
il riso e il pianto,
que publicava poemas do chileno.
Ciente
do affaire de Neruda, Cerio lhe oferece sua casa como esconderijo em
Capri, onde o poeta e Matilde Urrutia chegam na primavera de 1952.
Deslumbrada
com o Mediterrâneo a seus pés, em suas memórias (Mi Vida Junto
a Pablo Neruda, Seix Barral, 1987) Matilde recorda a casa de
Cerio: "Nuestra primera comida en ella, nuestra primera noche en
ella. Sería tonto describirla, jamás llegaría a encontrar las
palabras para dar la mínima idea de lo que fue. Solamente diré de
aquella y de aquella noche: ¡qué fiesta!".
Em
uma noite de lua cheia, Neruda lhe presenteia um anel com a seguinte
dedicatória: “Capri, 3 de maio de 1952, Seu Capitão" e lhe
dedica estes versos: "Toda la noche he dormido contigo / junto
al mar, en la isla./ Salvaje y dulce eras entre el placer y el sueño,
/entre el fuego y el agua".
Ali
nasciam Los Versos del Capitán, que Urrutia guarda em uma
caixa de madeira acabada em madrepérola.
Paolo
Ricci, artista plástico, sugere publicar Los
Versos..., empreendimento
financiado pelo Partido
Comunista italiano, com uma dedicatória “ao companheiro, exiliado
e poeta", e a menção dos distintos incentivadores na última
página do poemário: Luchino Visconti, Giulio Eunaudi, Carlo Levi,
Renato Gattuso, Salvatore Quasimodo, Elsa Morante e Jorge Amado, que
dividia com Neruda o mesmo infortúnio, após a proscroção do PCB e
sua expulsão do Brasil. A ironia: Neruda vivia tórrida
paixão por uma Matilde, já Amado se separara de outra - Matilde
Garcia Rosa. A
primeira edição com 44
exemplares de
Os
Versos do Capitão
foi publicada em julho de 1952, a capa decorada com a cabeça de uma
medusa e ilustrações de Ricci. Assinados por “autor anônimo”,
os versos foram falsamente divulgados como “apócrifos”. O ardil
visava apenas um objetivo: não revelar a autoria de Neruda à sua
ainda esposa Delia del Carril. Ler
Neruda em chanson
Em
Madrigal
escrito en invierno,segunda
faixa do disco sobre poema do ciclo Residencias
en la tierra, Lemper
incursiona pela primeira vez no idioma do poeta com uma sentida
balada, retocada por acordes do sensacional instrumentista chileno,
Freddy Torrealba, tido como a máxima expressão do charango
andino,
que
merece ser apreciado em um solo executado no Chile. De
Si tú me olvidas (jazz
virtuoso e rasgado, interpretado em inglês), por Tus
Manos
(poema de Los
versos del Capitán,
musicado como
tango e cantado em espanhol), El
viento en la isla (tango
raivoso), Alianza.Sonata
(sofrido
chanson interpretado em inglês), Siempre
(improvização de voz de Lemper com declamação de Freddy
Torrealba, repetido em inglês com Always),Ausencia
(tango cantado em espanhol),
El Sueño (maravilhoso
arranjo de cordas árabe), até Oda
com un lamento (poema
de Residencias en la Tierra, transformado em tango)
e, finalmente o desolador Poema
20
(jazz executado em inglês), a alemã amalgama com maestría e beleza
ímpares as grandes vertentes do gênero chanson
que
impregnaram seu estilo: Jacques Brel, Edith Piaf, Léo Ferré, Kurt
Weill, Astor Piazzola, Johnny Mitchell, para citar os principais. Acompanhada
por instrumentistas de primeira linha - Juan Antonio Sánchez (Chile,
arranjos de cordas), Tito Castro e Victor Villena, do Sexteto
Piazzola (bandoneon), John Benthal (violão), Steve Millhouse
(baixo), Vana Gierig (piano), Todd Turkisher (percussão), Wolfram
Koessel (violoncelo), Dov Scheindlin (viola), Jesse Mills (violino) e
Freddy Torrealba (charango) como artista convidado - Ute
Lemper Forever.The love poems of Pablo Neruda é obra
sem igual, desde já um clássico. Mas
é também isso: fiel às noções de Neruda, é uma apaixonada e
enfática evocação do amor e da vida, em
tempos da teimosa destituição de seu sentido. O que Ute Lemper
conseguiu é literalmente revestir de sangue, sêmen, suor e lágrimas
os poemas do chileno, em atos de expressão amorosa com total entrega
de seu corpo e alma.
Em
dado momento de nossas conversas por correio eletrônico, observei a
Ute: - Com tanta disputa territorial e ameaça de guerra, que no
passado envenenou os ânimos dos chilenos contra os criativos
argentinos – que lhe presentearam a independência com San Martín,
e com Leopoldo Marechal, Jorge Luis Borges e Julio Cortázar
inspiraram um dos maiores romancistas chilenos da atualidade, como
admite o próprio Hernán Letelier – você não teme que, com tanto
Neruda vertido em Tango a plateia chilena se sinta “acossada”?
Ao
que Ute Lemper respondeu: - Me sugira então alguma canção de
Violeta Parra para abrirmos o show. Publicado originalmente em: