22 março 2010

Tributo a Fritz Lang


Versão original de "Metrópolis", de Fritz Lang, descoberta na Argentina  


"Mais de um quarto do filme se extraviou", indicam as atuais cópias de "Metrópolis". Oitenta anos após a versão original de Fritz Lang ter sido compactada, cenas desaparecidas são achadas em Buenos Aires.


O legendário filme expressionista Metropólis (1927), dirigido por Fritz Lang, foi a mais dispendiosa produção cinematográfica alemã da época, rodada pela Ufa como desafio a Hollywood. No entanto, o efeito esperado não se concretizou.


Após o lançamento ter desagradado crítica e público, representantes da distribuidora norte-americana Paramount encurtaram o filme e simplificaram o enredo radicalmente, cortando cenas fundamentais do original. A versão director's cut ficou nas telas somente até maio de 1927 – e desde então foi considerada extraviada.


Cenas desconhecidas e mais dramáticas


Uma descoberta inédita no Museo del Cine, em Buenos Aires, trouxe à tona a versão original dada por perdida, segundo relatou o semanário alemão Die Zeit. A cópia – um quarto mais longa que a versão conhecida hoje – foi submetida pela diretora do museu ao parecer de três especialistas e confirmada como o original de Fritz Lang.


O filme sobre a cidade do futuro Metrópolis, cujos trabalhadores são condenados a viver no subterrâneo, narra a história de amor entre o filho de um industrial e uma operária, enfocando a luta de classes e o totalitarismo com imagens que se tornaram emblemáticas.


Segundo o relato do Die Zeit, Metropolis ganha uma outra dimensão com as cenas posteriormente cortadas. O papel dos protagonistas, por exemplo, só se tornaria realmente compreensível no contexto original. Outras cenas, como a do resgate das crianças da cidade subterrânea, seriam muito mais dramáticas.


A cópia recém-descoberta foi parar em Buenos Aires através da distribuidora argentina Terra, em 1928. Logo depois, um crítico de cinema adquiriu-a para seu arquivo pessoal, onde ela ficou guardada até a década de 1960.


A odisséia da cópia perdida


Com a venda dos rolos do filme ao Fundo Nacional das Artes da Argentina, a versão original de Metrópolis chegou a uma instituição pública, mas ninguém suspeitava de sua importância.


Em 1992, os rolos foram incorporados à coleção do Museo del Cine, cuja direção foi assumida por Paula Félix-Didier em janeiro passado. Seu ex-marido, diretor do departamento de cinema do Museu de Arte Latino-Americano, foi quem aventou a hipótese de tratar-se de uma cópia desconhecida de Metrópolis, após ter ouvido o diretor de um cineclube dizer quanto tempo a projeção do filme havia durado. Ao assistirem a essa versão, Félix-Didier e seu ex-marido descobriram cenas desconhecidas até então.


A película do Metrópolis reencontrado está arranhada e, após 80 anos, carece de restauração. Mas os especialistas garantiram que todas as cenas ainda estão perfeitamente visíveis. (sm)


Concluída a restauração da versão original do clássico "Metrópolis"

A descoberta de uma versão original do clássico Metrópolis, de 1927, causou furor entre cinéfilos de todo o mundo há cerca de dois anos. A cópia guardada num museu de Buenos Aires continha uma versão completa do clássico do diretor alemão Fritz Lang, incluindo 25 minutos até então dados como perdidos.


O processo de restauração do material encontrado começou logo em seguida e já foi concluído. Mais de 80 anos depois de sua estreia, Metrópolis poderá novamente ser visto como Lang o havia imaginado. A re-estreia acontecerá no próximo dia 12 de fevereiro, na abertura da Berlinale, o Festival Internacional de Cinema de Berlim. A exibição acontecerá ao ar livre, diante do Portão de Brandemburgo.


Quem não quiser esperar até lá tem outra opção: 10 dos 25 minutos adicionais podem ser vistos numa exposição aberta nesta quinta-feira (21/01) no Museu Berlinense do Filme e da Televisão. Intitulada The Complete Metropolis, a mostra apresenta ainda objetos relacionados ao clássico do cinema mudo.


Objetos em exposição


Podem ser vistos também todos os documentos originais disponíveis sobre o filme. Entre os cerca de 200 objetos estão material de cena, desenhos, excertos do roteiro, projetos de arquitetura e figurinos e as partituras que compunham o fundo sonoro.


Também é explicado como foram criados os famosos anéis de luz que circundam a robô Maria, interpretada por Brigitte Helm, numa das cenas mais conhecidas de Metrópolis. Em torno de duzentas fotos mostram Lang e sua equipe durante as filmagens do clássico.


O figurino original do filme não foi preservado, mas duas roupas da personagem masculina Freder foram recriadas pela empresa Kostümhaus Theaterkunst, responsável pelo figurino original.


A versão original


Com cerca de 145 minutos na versão restaurada, Metrópolis está praticamente completo. Segundo a curadora da exposição, Kristina Jaspers, faltam apenas algumas poucas imagens.


Um dos desenhos exibidos na mostra do Museu Berlinense do Filme e da Televisão


Entre as "novas" cenas estão um passeio de carro pela cidade futurista que dá nome ao filme e uma estátua da personagem Hel sendo descoberta. Algumas figuras secundárias ganham mais importância, diz Jaspers. A restauração digital foi feita imagem por imagem, e as cenas adicionais foram incluídas com ajuda das partituras para o acompanhamento musical.


Metrópolis estreou no cinema Zoo Palast de Berlim em 10 de janeiro de 1927, na versão original. O filme foi na época apresentado como o mais caro já produzido no mundo, ao custo de 6 milhões de Reichsmark, a moeda alemã de então. E foi um fiasco de bilheteria.


A distribuidora norte-americana Paramount, responsável pela distribuição mundial, fez cortes radicais na versão entregue por Lang. E, com o fracasso inicial, essa versão reduzida passou a ser exibida também na Alemanha.


Metrópolis foi restaurado pela Fundação Friedrich Wilhelm Murnau. A exposição The Complete Metropolis prossegue até o dia 25 de abril na capital alemã.


AS/dpa/epd/deutsche welle world/f.füllgraf


Multidões assistem Metropolis restaurado
em telão a céu aberto


Versão restaurada e quase completa do clássico do cinema foi exibida para mais de 6 mil pessoas em três locais, entre eles o Portão de Brandemburgo. Cerca de 710 mil espectadores acompanharam o filme pela televisão.


O astro Leonardo DiCaprio também não resistiu à tentação e se acomodou entre os cerca de 2 mil convidados que acompanharam a estreia da versão restaurada de Metrópolis no Friedrichstadtpalast, em Berlim, na noite desta sexta-feira (13/02). A exibição foi parte do programa oficial do Festival de Cinema de Berlim, a Berlinale.


A música de acompanhamento original do filme, composta por Gottfried Huppertz, foi executada ao vivo pela Rundfunk-Sinfonieorchester Berlin, regida pelo maestro Frank Strobel.


Paralelamente, mais duas mil pessoas assistiram ao clássico do cinema mudo na casa de espetáculos Alte Oper de Frankfurt. Outras duas mil foram até o Portão de Brandemburgo, na região central de Berlim, para acompanhar a exibição ao ar livre, apesar da neve e do intenso frio.


Metrópolis foi ainda transmitido pela emissora de televisão Arte, que registrou uma audiência três vezes acima da média para o horário, a partir das 20h50 desta sexta. Segundo números da empresa Media Control, 710 mil espectadores sintonizaram o canal para acompanhar a exibição do clássico, o equivalente a 2,4% do público televisivo do horário.


Pela primeira vez após mais de 80 anos, Metrópolis pôde ser visto praticamente na íntegra, graças à uma cópia do filme encontrada na Argentina há cerca de dois anos. Trechos antes dados como perdidos foram retirados desta cópia, restaurados e acrescentados à versão conhecida do filme.


Mesmo a nova versão ainda não é completa, faltando algumas poucas imagens. A versão exibida nesta sexta-feira na Alemanha tem 147 minutos, cerca de meia hora a mais que a versão tradicional.


Metrópolis foi dirigido pelo austríaco Fritz Lang e estreou em 1927 em Berlim. Na época, foi anunciado como o filme mais caro já produzido. O fracasso nas bilheterias levou a distribuidora Paramount a fazer cortes na obra.


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