29 dezembro 2011

Frederico Füllgraf - Goethe e as folhas da Ginkgo




O poema “Gingo biloba”, escrito em 1815, foi publicado por Johann Wolfgang von Goethe 
(1749-1832) em sua antologia, 'West-östlicher Divan' (livro Suleika), de 1819, no qual dialoga com o “Divã” do poeta persa, Háfiz. Como fonte de inspiração, serviu-lhe a folha de uma Ginkgo que crescia em Heidelberg, cidade próxima de Frankfurt.

Contemplando a folha bi-lobular da Ginkgo, Goethe a associou à imagem das almas gêmeas, por assim dizer inseparáveis, e dedicou os versos a Marianne von Willemer, uma antiga namorada.

Goethe enviara uma folha de Ginkgo para Marianne, e em 15 de setembro de 1815, no local chamado Gerbermühle, em Frankfurt, fez uma récita do esboço do poema que segue, para Marianne e alguns amigos.

No dia 23 de setembro de 1815, num rapto de romantismo, mostrou a Marianne a Ginkgo que ostentava sua beleza nos jardins do Castelo de Heidelberg. Foi quando se viram pela última vez.


Depois, Goethe finalizou o poema e em 27 de setembro de 1815,enviou-a Marianne  – e caiu no mundo...




Dieses Baums Blatt, der von Osten
Meinem Garten anvertraut,
Gibt geheimen Sinn zu kosten,
Wie's den Wissenden erbaut.

Ist es ein lebendig Wesen,
Das sich in sich selbst getrennt?
Sind es zwei, die sich erlesen,
Dasz man sie als Eines kennt?

Solche Frage zu erwidern,
Fand ich wohl den rechten Sinn:
Fühlst du nicht an meinen Liedern,
Dasz ich Eins und doppelt bin?

Português

(trad. Frederico Füllgraf)


Esta folha da árvore que o Oriente 
ao meu jardim resolveu confiar 
com arcanos sentidos desafia a mente
que ao sábio apraz desvendar.

Será um único ser vivente

que a si mesmo em dois apartou?
Ou será um casal que se juntou
E se vê como um só, como diz a gente? 


E tentando desvendar a misteriosa ciência
Ocorreu-me oportuna confidência:
Se em meus cantos não tens percebido 
Que sou um só, mas também em dois partido?


English


This leaf from a tree in the East,
Has been given to my garden.
It reveals a certain secret,
Which pleases me and thoughtful people.

Does it represent One living creature
Which has divided itself?
Or are these Two, which have decided,
That they should be as One?

To reply to such a Question,
I found the right answer:
Do you notice in my songs and verses
That I am One and Two?

Español


Las hojas de este árbol, que del Oriente
a mi jardín venido, lo adorna ahora,
un arcano sentido tienen, que al sabio
de reflexión le brindan materia obvia.

¿Será este árbol extraño algún ser vivo
que un día en dos mitades se dividiera?
¿O dos seres que tanto se comprendieron,
que fundirse en un solo ser decidieran?

La clave de este enigma tan inquietante
Yo dentro de mí mismo creo haberla hallado:
¿no adivinas tú mismo, por mis canciones,
que soy sencillo y doble como este árbol?

Français


La feuille de cet arbre
Qu'à mon jardin confia l 'Orient
Laisse entrevoir son sens secret
Au sage qui sait s'en saisir.

Serait-ce là un être unique
Qui de lui-même s’est déchiré ?
Ou bien deux qui se sont choisis
Et qui ne veulent être qu’un ?

Répondant à cette question
J’ai percé le sens de l’énigme
Ne sens-tu pas d’après mon chant
Que je suis un et pourtant deux ?


Italiano



La foglia di quest'albero,
venuto dall'oriente al mio giardino,
consente di gustare sensi occulti,
edificando il saggio.

Sarà un essere vivo,
che sé in se medesimo ha spartito?
oppure saran due, che vollero apparire come uno?

Per dare alla domanda una risposta,
il senso giusto trovo:
non senti, nei miei canti,
che sono uno e insieme sono doppio?

Japonês





Nenhum comentário: